Os escândalos relacionados com o comércio de armamentos abalam com regularidade a comunidade mundial. A maioria esmagadora deles visa objetivos políticos, em primeiro lugar, a difamação de concorrentes. Um dos temas atuais são as armas alemãs que vêm regularmente à tona nas regiões de conflitos armados.
Oficialmente, a República Federal
da Alemanha não fornece armas aos países em que se violam os direitos do
homem ou são possíveis conflitos armados. No entanto, os rebeldes
líbios utilizaram nos combates contra as tropas de Muammar Kadhafi fuzis
automáticos modernos G36 de fabricação alemã.
Aliás,
esta situação é característica não somente dos armamentos produzidos na
Alemanha. Nos chamados "pontos quentes" são utilizadas armas das marcas
mundiais mais conhecidas, que entram lá na maioria das vezes por canais
não oficiais. Fala o diretor do Centro de Pesquisas Sociopolíticas
Vladimir Evseev.
"Atualmente existem numerosas vias
de fornecimento de armas aos “pontos quentes”. Na maioria das vezes isso
se faz diretamente. Mas também é bastante comum a reexportação de
armamentos. Além disso, muitos estados produzem armas falsificadas de
marcas amplamente conhecidas ou fabricam os seus análogos. O líder nesta
esfera é a China, que falsifica um sem-número de tipos de armas. Não se
deve esquecer que o derrubamento de Kadhaffi resultou na entrada de uma
quantidade enorme de armas no mercado. É preciso estudar cuidadosamente
cada fato de surgimento de armas nos pontos quentes e investigá-los com
o máximo de atenção".
Alguns peritos supõem que o
problema consiste precisamente no fato de que no Ocidente a exportação
de armas é esfera de atividade não do Estado mas de empresas
particulares. São corporações sérias, chefiadas por pessoas responsáveis
e respeitáveis. Mas todos compreendem que não existe um crime que o
capital não cometa em busca do lucro.
Hoje existe
mais uma via de penetração de armas modernas nos chamados "pontos
quentes". Trata-se de fornecimentos secretos de armas a uma das partes
implicadas nos conflitos civis, que eclodiram depois da chamada
"Primavera Árabe", que foi, na realidade, inspirada por forças externas.
Trata-se, em particular da Síria, onde os rebeldes contam com o pleno
apoio por parte dos EUA e dos seus aliados mais próximos na OTAN. O mais
provável que este apoio na maioria dos casos não se limite a
declarações políticas e subsídios financeiros. Falando a propósito, no
mundo existem cerca de 8 milhões de fuzis de assalto M-16 e dez milhões
de submetralhadoras israelitas Uzi. Todas estas armas são originais,
foram produzidas sob o respetivo controle em empresas dos EUA e de
Israel.
A situação poderia ser melhorada mediante a
adoção de legislação internacional mais rígida. Mas, até hoje, não foi
encontrado um compromisso. O problema não consiste na falta da vontade
política. Até agora, no mercado internacional nem sequer existe uma
definição definitivamente concatenada da noção de "arma".
"Atualmente,
não existem regras internacionais fixas que regulem o comércio de
armas. A respetiva convenção foi elaborada no ano passado, mas a sua
assinatura foi bloqueada pelos EUA. Se este documento entrar em vigor, o
comércio de armas "à maneira americana" será mais difícil. É preciso
apontar que no Ocidente a exportação de armas é um privilégio de
empresas particulares, que atuam no quadro do controle sobre as
exportações. O sistema de controle é diferente em cada país. Em alguns
países ele é rígido, em outros, insuficiente. Além disso, pode-se vender
armas de função dupla que podem ser utilizadas, por exemplo, para a
caça e para a guerra. Por isso, o controle sobre a exportação de armas é
muito complicado. Na minha opinião, é preciso, antes, resolver o
problema das respetivas regras".
Todavia, seria
incorreto pôr toda a culpa nos juristas. Certamente, o problema consiste
nos padrões duplos que alguns jogadores geopolíticos importantes
praticam. Enquanto eles fazem jogos de moral, os traficantes de armas
encontrarão sempre uma ocupação que convenha ao seu bolso e ao seu
espírito.
Fonte: Voz da Rússia.
Imagem de Defence-Imagery por Pixabay
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