Yulia Zamanskaya |
© Flickr.com/ willie lee (not jack brown)/cc-by-nc-sa 3.0
|
Regra geral, os cientistas rejeitam a própria possibilidade de se poder criar algo que permita a um objeto se tornar invisível. Isso, no entanto, não impediu um jovem cientista de tentar entender o princípio da transformação do visível em invisível.
Em 2011, Janos Perczel, um
estudante da Universidade de St. Andrews, na Escócia, publicou o estudo
de uma “esfera invisível” que fazia de tela em relação à luz, tornando o
objeto invisível. O jovem cientista explicou à Voz da Rússia a sua
invenção e falou sobre os seus novos projetos no Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT).
– Como teve a ideia de criar um objeto ótico que ficasse invisível sobre um fundo policromático?
– Esse
projeto abrangeu uma grande quantidade de cientistas. Um deles era o
Professor Ulf Leonhardt, o meu orientador. Ele não só me ajudou com o
projeto, como me inspirou, assim como o Professor Tomas Tyc. O Professor
Leonhardt e o Professor Tyc estavam a trabalhar no problema da criação
de um objeto que ficasse invisível durante algum tempo sobre um fundo
policromático. Quando eu me juntei ao projeto, os cientistas tinham
conseguido criar um objeto que ficava invisível apenas com um só fundo
monocromático. Eu comecei a estudar outros métodos e cheguei à conclusão
que a esfera invisível deveria absorver a luz para permanecer invisível
com qualquer cor de fundo. Já a ideia da utilização da tecnologia de
conversão na esfera ótica veio-me à cabeça durante o café da manhã.
– O que é a “esfera invisível”? É aquilo que os autores de ficção científica descrevem nos seus livros?
– Entre
a nossa esfera e aquilo que vocês veem nos filmes do Harry Potter há
uma diferença substancial: o nosso objeto não muda a forma. Aquela
flexibilidade das capas que se vê nos filmes é muito complicado
reproduzir na realidade. Mas existem estudos disso, especialmente na
Universidade de St. Andrews. A Doutora Andrea Di Falco inventou uma
forma de criar metamateriais flexíveis (materiais artificiais a partir
de moléculas grandes unidas em determinadas condições) que pudessem
mudar de forma, mas neste momento só existem as formas esférica ou
quadrada de objetos invisíveis, que foram criados para as experiências
em laboratório.
– Como podem essas esferas ser usadas na vida quotidiana?
– É
muito difícil dizer como é que isso pode ser usado na prática, visto
que durante as investigações nunca se pensa nisso. Quando os cientistas
enfrentam a questão de uma nova invenção, eles pensam na solução de um
problema científico concreto e não na sua possível utilização futura.
Não gostamos mais de estudar o desconhecido. Já a utilização prática da
nova invenção deverá ocupar os engenheiros, designers ou diretores de
produção que conhecem melhor o mercado de consumo. É evidente que a
nossa invenção pode ser utilizada quando for necessário tornar um objeto
invisível. O principal, é essa esfera invisível não ser usada com fins
militares, especialmente na criação de armas invisíveis. Eu espero que a
minha invenção seja usada com fins pacíficos. Por exemplo, para
proteger as pessoas das radiações nocivas.
– No Instituto de Tecnologia de Massachusetts chegou a se cruzar com algum trabalho de investigação que o tenha surpreendido?
– Eu
só estou lá há meio ano e durante esse tempo é difícil conhecer
totalmente todos os projetos de investigação do instituto. Estás sempre a
ouvir que agora criaram um novo robô, uma nova tecnologia informática
ou descobriram uma nova abordagem de uma ideia científica fundamental.
Mas eu posso destacar um projeto, que é dirigido pelo Professor Marin
Soljacic. Ele está a trabalhar no estudo da eletricidade sem fios que
ele chamou de "witricity”. A energia não é transmitida por fios, mas sim
através da interação de ressonância magnética. Essa ideia não é nova,
mas o professor Soljacic conseguiu organizar o trabalho de uma forma
tal, que no futuro mais próximo nos aguardam transformações
revolucionárias no funcionamento dos dispositivos eletrônicos.
Fonte: Voz da Rússia.
Postar um comentário